Maioria das transportadoras corre alto risco de calote em um ano, diz Serasa

Levantamento da Serasa Experian sobre os riscos de inadimplência das transportadoras brasileiras mostra que a maioria delas tem alta probabilidade de não pagar seus compromissos financeiros nos próximos 12 meses. A interpretação é de que a greve dos caminhoneiros pode, ao menos momentaneamente, pressionar ainda mais a situação do setor.

O levantamento, obtido em primeira mão pelo Valor, foi feito em junho com 4.065 companhias em todo o país e que atendem diversos segmentos. O risco de inadimplência atinge, principalmente, as micro e pequenas transportadoras – com faturamento anual de até R$ 4 milhões por ano – em que 59% têm risco alto de calote.

Entre as companhias de médio porte, que faturam até R$ 50 milhões, o risco afeta até 55%. Já entre as empresas de grande porte, 38% têm alto risco de inadimplência.

“Num panorama geral, quando a gente fala da inadimplência de empresas, esse índice está na ordem de 50% a 55%, ou seja, as transportadoras pequenas têm um risco mais elevado que a média”, afirma o diretor de gestão de estratégia da Serasa Experian, Mário Rodrigues. “Em momentos de turbulência as empresas menores têm mais dificuldade operacionais, de crédito, de refinanciar dívidas, de capital de giro, então elas acabam sendo mais afetadas”.

Rodrigues destaca que as transportadoras pequenas também sobrem com a dificuldade de separação da gestão financeira entre a empresa e a pessoa física de seus sócios. O problema para o setor, entretanto, é que as transportadoras pequenas são a imensa maioria de uma atividade que congrega mais de 100 mil companhias.

Sobre a greve, Rodrigues vê efeito pontual da paralisação no setor. “A greve afetou todo o mercado. Vimos um impacto nos dias em que a paralisação aconteceu. Todos os setores foram afetados, mas no médio prazo não creio que isso possa atingir essas empresas”.

Fonte: Valor